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A era do modo “startup”

Os mais otimistas dirão que o País começa a ver algo que parece ser uma luz no fim do túnel de uma das piores fases econômicas e políticas da história recente do Brasil.

E antes de entrar nesta crise conjuntural sem precedentes, já estávamos vivendo uma crise estrutural na forma de lidar com o marketing, mudança nos hábitos de consumo de mídia, novos modelos de produção conteúdo, necessidade de reinventar a publicidade. Uma crise de modelo que já vinha se desenhando há anos, mas que foi acelerada quando a crise financeira chegou.

Num piscar de olhos, totalmente sem claquete, nos vimos em plena era das redes sociais e da comunicação digital, onde produto ruim não é salvo por publicidade e produto bom, praticamente não precisa de propaganda. Vejam quantos exemplos a gente conhece por aí de marcas que estão nas nossas vidas sem ter feito um só comercial de televisão.

A crise financeira meteu pé numa mudança de modelo, afetando a tudo e a todos, independente de quão ligado nas tendências a gente pudesse estar.

 Num dos piores anos de que se tem notícia, que teve praticamente 3 meses úteis em 10, entre impeachment e Olimpíadas, quem esteve na ativa aprendeu muito. Muito. E se fosse pra resumir o aprendizado deste ano em uma frase, ela arriscaria dizer: estamos vivendo a era do modo ‘startup’.

Mas não é a startup que você está pensando.

Até o passado recente, falar em “startup” era fazer referência a empresa recém-criada, cheia de garotos deslumbrados e esquisitos, tentando inventar alguma coisa maluca, nova, prontos para ganhar o primeiro bilhão, num passe de mágica.

 Mas aqui estou falando de outro tipo de startup.

Algumas startups realmente têm 5 funcionários e poucos meses de vida. Mas outras tem milhares de colaboradores, estão no mercado há mais de 15 anos e faturam centenas de milhões de reais por mês.

Uma startup com 15 anos, milhares de funcionários, milhões de clientes e faturamento? Sim.

É claro que dizer que uma empresa de 15 anos é uma startup, é forçar a barra. Uma empresa de 15 anos não é mais uma startup, mas ela pode operar em modo startup. Operar em modo ‘startup’ é um comportamento. Uma forma de buscar se reinventar rapidamente em busca de soluções para problemas reais. É não ficar parado frente à crise ou as mudanças que muitas vezes tiram o nosso chão.

O que fica claro é que, na era do modo ‘startup’, as velhas fórmulas não funcionam mais. A todo momento surgem modelos de negócio completamente novos, que rompem com tudo existente. E o que entendíamos como marketing virou de cabeça pra baixo. Levar um novo produto ou serviço para o mercado pode se dar de mil maneiras diferentes. Empresas de 5 funcionários podem ganhar milhões. Empresas que ganhavam bilhões talvez não existam mais em poucos anos.

Essa ruptura de modelos já condenou as denominações existentes. Agência não é mais agência, apesar de se chamar assim e passa a cuidar de negócio, experiência, conteúdo. Tudo misturado na fórmula para encontrar a solução para os problemas. Os modelos de trabalho são os mais variados. Consultivo, colaborativo, tercerizado, interno. Erra-se muito procurando os novos modelos.

Erramos. Corrigimos. Descobrimos novas boas soluções. Reinventamos.

Vivemos uma era onde a necessidade de reinvenção é tão grande em tantas frentes, que o modo startup não deveria mais ser considerado um estágio pela qual uma empresa passa e sim um modo de encarar a vida, seja pelas empresas, indivíduos e, por que não, governos, países, mundo.

A era do modo “startup” parece estar chegando para todos e, meu palpite, é que ela não vai embora mais. 🙂

(*) Michel Lent é sócio-fundador da Lent.

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